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CONGRESSO INTERNACIONAL DE ARTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

GT 7:LITERATURA DIGITAL BRASILEIRA: PRODUÇÃO E CRÍTICA​​
(coordenação: Profa. Dra. Rejane Cristina Rocha - UFSCAR)

ASSISTA O CONGRESSO AO VIVO
Dia 25 de março de 2020
[quinta-feira]


16h-17h30
“Sobre literatura digital”


Literatura digital: caminhos e entraves no Ensino Médio
Doutoranda Graciele Gonzaga (PUC/MG)
Mestre Elaine Oliveira (PUC/MG)
Graduada Juliana Souza (PUC/MG)


Este resumo tem como pretensão refletir sobre a experiência desenvolvida no Colégio Santa Maria Minas, Unidade Betim. nas aulas de Língua Portuguesa, em parceria com a equipe de Biblioteca, a partir da degustação de um projeto idealizado pela Árvore de Livros, plataforma de leitura digital do Brasil. Essa atividade tem uma estrutura de concurso literária, no qual as escolas participantes realizavam, com os estudantes cadastrados, uma série de atividades de leitura literária, mediadas pelo ambiente virtual, e de escrita, tanto física como digital. Os alunos da 1ª série do Ensino Médio, no ano de 2018, tiveram a oportunidade de vivenciar a leitura literária em um ambiente digital, com a ambientação em uma plataforma de biblioteca virtual. Uma das principais características do modelo de negócios da empresa, Árvore de Livros é a proposta do engajamento tanto do docente quantos dos discentes para realização das tarefas propostas e leituras digitais. Para fundamentação da reflexão do ensino literário via digital, foram necessários retomar a BNCC (2017), assim como estudiosos como Ana Elisa Ribeiro (2018) e Carla Coscarelli (2011), entre outros. No referencial teórico, aborda-se a reflexões oriundas da sociedade atual, do impacto das tecnologias na leitura e escrita. Compreende-se, assim, a necessidade de implementar essa formação literária digital em nossa rede de ensino e buscar caminhos para superar os entraves, como engajamento dos alunos em ambientes virtuais.



Processo de ensino na educação infantil através da literatura digital
Mestre Fernanda de Cassia Lima Corrêa (UEMG)
Graduada Isabela Cesário (UEMG)


A literatura digital pensada como estratégia educativa pode ser um caminho do ensino regular na educação infantil e no ensino fundamental. O interesse por animações, músicas, jogos, cores, formas e objetos eletroeletrônicos pode ser visto nas crianças desde a primeira infância. Ao perceberem e reconhecerem elementos digitais em qualquer ambiente que se encontram, elas realizam um processo de reconhecimento da realidade que é atravessado pelo digital. Uma vez que as crianças já estão inseridas num contexto tecnológico desde a primeira infância, a incorporação da cultura digital no contexto escolar é capaz de potencializar as perspectivas de aprendizado da criança. A promoção da literacia digital nas escolas, associada à promoção das linguagens artísticas, é um dos objetivos desta pesquisa. Este trabalho também irá descrever e justificar a metodologia realizada em um projeto de leitura em língua inglesa para crianças entre 7 e 12 anos, e refletir sobre os impactos dessa metodologia no resultado final do projeto. Tal resultado consiste na produção artístico-literária de uma obra digital que terá sido elaborada a partir de um processo criativo recorrente tanto no ambiente digital quanto não-digital: a transautoria. Esse projeto de leitura tem como objetivo ser um estímulo à curiosidade dos alunos em relação à obras digitais e seus processos criativos, e fazer com que eles transitem entre a arte, a literatura e o digital no âmbito do estudo da língua inglesa.


O que é a Literatura Digital Brasileira?
Doutora Rejane Rocha (UFSCAR)

Nesta comunicação, partimos das principais e mais difundidas definições de literatura digital, a fim de confrontá-las com as especificidades das obras mapeadas durante a realização do projeto “Repositório da Literatura Digital Brasileira” (CNPq 405609/2018-3). Observando como o sistema literário brasileiro contemporâneo tem incorporado, nas instâncias de produção, circulação, leitura e legitimação das textualidades, as possibilidades e constrições da tecnologia digital propomos discutir, no âmbito do GT “Literatura digital brasileira: produção e crítica”, uma definição de literatura digital que atente para as especificidades da produção literária digital em Língua Portuguesa, de autores brasileiros.



Literatura na nuvem? Reflexões sobre o Repositório de Literatura Digital Brasileira
Doutoranda Natália C. Estevão (UFSCAR)

O trabalho que aqui se apresenta é um desdobramento de nossa pesquisa de doutorado, em andamento, e propõe um estudo acerca dos repositórios de literatura que, de maneira geral, dizem respeito a espaços conectados em rede dedicados ao fomento da literatura exclusivamente digital. Para a compreensão desses espaços, consideramos que seja imprescindível a discussão acerca das materialidades que o texto literário pode assumir no período contemporâneo, marcado pela cultura digital na qual os repositórios emergem. Por materialidade, compreendemos que além de tratar do substrato material de criação e circulação do literário, ela pode abarcar uma sucessão de elementos que engendram mecanismos de inscrição, circulação, mediação e consumo da literatura em determinados contextos sócio-históricos. Nesse sentido, ao trabalharmos com os referidos ambientes online e ao mobilizarmos a noção de estruturação e armazenamento em nuvem, pareceu-nos significativa a construção de uma espacialidade baseada na metáfora da nuvem, que remete a algo etéreo, ubíquo, quase imaterial e intangível. Essa metáfora possibilita ao crítico refletir acerca da questão da (des) materialização da literatura e as suas implicações, que podem começar a ser mapeadas no campo em constante em expansão dos Estudos Literários (GARRAMUÑO, 2014). Para o desenvolvimento desta investigação, especificamente, circunscrevemos como corpus de pesquisa o Repositório de Literatura Digital, em processo de construção pela Universidade Federal de São Carlos, desde 2018. Nosso objetivo se fundamenta em desenvolver um estudo acerca dos mecanismos de funcionamento do repositório brasileiro à medida em que documentamos o seu processo de constituição, descrevendo (CANCLINI, 2016) as complexidades de se construir e de manter um espaço online, dedicado ao mapeamento, armazenamento, preservação, sistematização e promoção da literatura digital.

Dia 26 de março de 2020
[sexta-feira]


9h-10h30
“Experiências e reflexões em literatura digital 1”


Narrativas fotográficas digitais: Googlegrams, de Joan Fontcuberta
Doutoranda Eliziane Cristina Da Silva De Oliveira (CEFET-MG)
Doutor Wagner José Moreira (CEFET/MG)


Em um cenário de circulação e consumo crescente de imagens em todo o mundo, Joan Fontcuberta, fotógrafo e pesquisador espanhol produziu, em 2005, a instalação Googlegrams, resultado de pesquisas de imagens feitas no Google - o mecanismo de busca mais utilizado no mundo com cerca de 100 bilhões de pesquisas processadas mensalmente - que resultou em mais de 10 mil imagens disponíveis na internet, encontradas através da aplicação de critérios de pesquisa específicos. A proposta deste trabalho é fazer uma leitura sobre o que chamamos aqui de apropriação de imagens, uma vez que estas foram recolhidas na internet e não se sabe, inicialmente, se foram criadas digitalmente ou se foram digitalizadas. Tais imagens foram transformadas em mosaicos e disponibilizados em uma plataforma digital, o que suscita também outras implicações nesse processo “fotográfico”, bem como na criação de novas imagens digitais estáticas a partir daquelas que foram recolhidas digitalmente.
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The technopoetic insubordination: the migration from devasted territories to Latin American digital literature through expanded translations
Doutora Veronica Gomez (CONICET/UNL/Argentina)

I will describe glotopolitical interventions through expanded translation in electronic literature in two Latin American pieces of work: Paisajes by Laura Benech, and the poetic action on Twitter by Eugenio Tiselli to alert on the devastation of the Amazons. In both cases, the artists propose to translate a base code into a digitally manipulated image to extend the scope of languages so that it can no longer be limited to translation understood as an inter-national language system. This movement emulates the trans-national policies that govern the territories exceed the power of the nation-state in which they are applied, since they are part of a global-scale model. On the one hand we have Paisajes (in English landscapes) by Laura Benech. This is a visual project made in 2015 in which the author explores the migrations that occur when altering the genetic codes of linguistic base. The idea of the work arises from a critical glance at the creation of transgenic soya seeds by a lab that belongs to Universidad Nacional del Litoral (UNL) in her city of residence, Santa Fe, in Argentina. Experimentation with seeds occurs through a procedure of alteration of the genetic language, with direct consequences on the perception of Argentine coastal landscapes. Thus, the transnational global market lowers costs and optimizes global food production processes, manipulating, through the hegemonic techno-scientific approach, the visuality of territories that suffer directly and locally the consequences of this economical model. On the other hand, we have a twitter poetic action by Eugenio Tiselli in August 2019, some days before Amazons was sadly in the news of all around the world because of its burning. The action consists in copying a code given by Tiselli´s Twitter account. After that, it should be pasted in a plain text editor and saved as 'amazon.html”. When clicking on the file, the browser would show the “#capitalocene unfold before your eyes!”. This is the first expanded translation we could think about: a code that translates into an image. Then we have the image that translates into an interactive piece where kinetic numbers accumulate, from green to brown, so users could experience the speed of the destruction of Amazon by numbers, colours and movements. In the case of Tiselli, the idea is to show the relation between the power of the algorithmic capitalism the executes orders that put in high risk life as we know it until now. Again, the question between nature and culture is mediated by the language of codes, its manipulation causes devastation, the dictature of numbers shows the way necrocapitalism works.



Pós-créditos, um ensaio transficcional
Doutora Andréa Catrópa (UAM/UFU)

Qual é o futuro da literatura brasileira? Um horizonte pós-utópico cheio de aridez ou há um oásis que nos aguarda, insuspeitado, logo ali depois da segunda década do século XXI? Estaremos vivos e estoicos, leitores e escritores, artistas e fruidores de arte, depois de tanta indiferença e de tantos ataques? Porque, sim, a pós-modernidade lançou a ideia de projeto artístico, de inovação e de singularidade em uma aura vergonhosa de ingenuidade. Contra os ingênuos, o melhor antídoto foi o cinismo (e sua face de indiferença). Quando já quase nos acostumávamos com essa condenação à liberdade (para evocar a máxima sartriana), incrédulos nos deparamos com o oposto disso: a demonização da cultura e da arte no Brasil. Esse panorama recente veio agravar os cortes de financiamento público que afetavam essas áreas desde que começamos a sofrer as últimas turbulências políticas e econômicas internamente, sobretudo a partir de 2014. Tal dado agravou ainda mais a situação da produção e circulação de livros impressos no país, que apresenta quedas consecutivas nos últimos cinco anos. Diante disso, a próxima edição da pesquisa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro continuará dando enfoque no livro em papel, ainda que vá buscar também informações sobre conteúdo digital. Outros movimentos de conscientização sobre a necessidade de se pensar a literatura em diferentes mídias são notados aqui e ali, como mostra o exemplo da Antofágica*, editora criada com o propósito de publicar clássicos em versão impressa bem-cuidada e que utilizará vídeos postados no youtube para tentar aproximar esses títulos da realidade dos leitores mais jovens.



Curadoria, modos digitais e contemporâneos: uma investigação sobre lógicas e processos de criação
Doutora Denise Bandeira (UNESPAR)
Graduado Guilherme Ritter (UNESPAR)


Este artigo se inscreve em um projeto de investigação sobre os modos de produção, distribuição e recepção da cultura digital, na articulação entre arte, ciência e tecnologia, ativismo e educação. Nesse campo, vai refletir em especial sobre modos curatoriais contemporâneos no âmbito da distribuição em contextos econômicos, políticos ou educacionais. Tendo em vista a denominada curatorial turn, conforme defenderam O’Neil e Wilson (2010), seu objetivo principal concentra-se na análise de alguns modelos curatorias digitais e o uso de aplicativos on-line. A primeira etapa apresenta, num espaço-tempo determinado, um mapeamento de arranjos de distribuição, com foco em práticas curatoriais, tais como as plataformas Rhizome.org, Turbulence.org e outros modelos de curadoria digital e suas lógicas, como o blog thejealouscurator.com. Na sequência, comenta-se brevemente um estudo exploratório sobre o uso de ferramentas de busca e APIs (Cloud Vision - produtos de aprendizagem de máquina e IA) com propósitos curatoriais para identificação de futuros desses modos no campo da arte.


10h30-12h
“Estratégias digitais: literatura, edição e acervos”


Um fator literário: a produção crítica da revista Texto Digital
Mestranda Nair Renata Amâncio (UFSCAR)

No marco das discussões do grupo de trabalho “Literatura digital brasileira: produção e crítica”, temos por objetivo analisar a primeira publicação da revista Texto Digital, datada de 2004. A proposta a ser desenvolvida está fundamentada na teoria dos Polissistemas de cultura de Itamar Even-Zohar (2017), mas precisamente em seu conceito de Fator literário, por meio do qual propomos avaliar os artigos que inauguraram a revista como sendo um produto legítimo da cena literária digital no contexto brasileiro. O conjunto de artigos avaliados revelaram pontos de tensão oriundos da relação entre a literatura digital e os conceitos mais comumente mobilizados para pensar a literatura, sendo eles: obra, autor, leitor, valor e legitimação. Assim, evidenciaremos de que modo a literatura oriunda da linguagem dos novos meios (MANOVICH, 2005) é problematizada pela crítica acadêmica brasileira.



Armazenamento e estratégias acervísticas em literatura digital
Mestre Fernanda Côrrea (UEMG)
Graduanda Hillary Mascena (UEMG)


Esta pesquisa se propõe a investigar obras de literatura digital que ultrapassam as fronteiras entre literatura, arte e arquivamento. Iremos aqui dar continuidade às discussões realizadas dentro do grupo de pesquisa LabFront em que as obras digitais são compreendidas para além da esfera da arte e da literatura: elas também trazem em suas composições estratégias de arquivamentos. Tais estratégias revelam que elas também atuam indiretamente como banco de dados e acervos. Iremos, assim, apresentar e analisar obras cujos processos de criação e execução ocorrem a partir de dados coletados na web que se encontram em constante mutação. Com isso, iremos refletir sobre as relações entre a instabilidade de dados coletados e a estabilidade usualmente desejada em uma preservação. Entre as obras analisadas estão a obra "Cultural Map" (DECK, 2000) mantida pelo projeto Turbulence e a obra "Data Soul" (WRIGHT, 2019) preservada na Antologia de Literatura Eletrônica Europeia da ELMCIP.



Editores digitais: percursos literários no Ensino Médio
Doutoranda Graciele Gonzaga (PUC/MG)
Mestre Elaine Oliveira (PUC/MG)


Este relato de experiência tem como objetivo compartilhar uma prática desenvolvida na segunda série do Ensino Médio do Colégio Santa Maria Minas- Betim, nas aulas de Literatura, na primeira etapa de 2019. Essa ação teve a intenção de possibilitar o estudante a criação de uma antologia poética do Romantismo em arquivo digital para ser postado na disciplina do Google sala de aula na área de linguagens. Essa proposta fundamenta-se nos princípios metodológicos da instituição escolar de promover ações inovadoras, bem como atender a BNCC (2017), Base Nacional Comum Curricular, que prevê, em de seus eixos, o processo de ensino aprendizagem da leitura e escrita com o texto multimodal, assim, a leitura “ é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som (música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais” (Brasil, 2017). Partindo desse pressuposto, urge a necessidade de construir um universo constante de reflexão do estudante diante das problemáticas nascidas a todo instante, como também promover o acesso a diferentes manifestações artísticas. Por esse motivo, a BNCC (2017) alerta para necessidade de pensar habilidades e repertório culturais para o domínio de diferentes ferramentas, nesse caso do relato, a criação de uma espécie de livro digital. Dessa forma, o gênero antologia pôde contemplar a ideia de entendimento das partes fundamentais da obra literária, elaborando, principalmente, um prefácio, em que o aluno poderia analisar os poemas escolhidos, assim, não seria uma mera reprodução ou seleção poética, mas, sim, de uma reflexão diferenciada. Ademais, poderiam experimentar a sensação de editoração e seleção de textos literários. Para execução dessa atividade foram usados o espaço do Google sala de aula, pensando na necessidade de usar recursos eletrônicos para a prática literária. A ação ocorreu em formato de disponibilização de material virtual na disciplina on-line, como complementação das aulas expositivas e dialogadas ocorridas na sala de aula. Neste sentido, foi proposto a produção de um livro em que contemplasse o conteúdo programático estudado na primeira etapa de 2019, o Romantismo. Tendo em vista, essa construção, os discentes puderam criar uma sequência poética usando na capa da obra, uma pintura romântica. Tem-se, então, um trabalho com a multimodalidade e a criação textual com esse gênero discursivo abarcou a imagem-texto, tendo a proposta de expansão para o suporte virtual com divulgação no Google sala de aula. Esse projeto literário foi fundamental para a percepção da organização e editoração de textos literários. Portanto, a elaboração de um prefácio permitiu a compreensão da poética romântica, assim como a idealização da pintura romântica no suporte digital, harmonizando com a ideia de escrita reflexiva, sendo uma possível estratégia para a apreensão do conhecimento literário.



Multimodalidade Imagética entre Línguas orais e de sinais: qual palavra precisa ser dita?
Doutora Vera Lúcia de Souza Lima (CEFET/MG)
Gilberto Goulart (UFMG)
Bárbara de Paula (PBH)
Felipe Teixeira (PUC/MG)
Ana Rachel Leão (IFMG)


Há certamente uma literatura em curso na mente dos surdos do Brasil e do mundo ainda não expressa, em sua plenitude, devido à escassez de sinais ou palavras. Portanto, este trabalho vale-se do léxico e da tecnologia objetivando dar vazão ao fluxo literário que se encontra represado nessa parcela da sociedade. O trabalho pretende oferecer ao cidadão surdo visibilidade literária no meio artístico, cultural, científico e tecnológico por meio da criação, validação e dicionarização do léxico. A produção literária do surdo está diretamente relacionada à expansão do léxico, seja em dicionários de língua geral, seja em dicionários terminológicos especializados. Pouco se tem de memória escrita por surdos, no Brasil e no mundo, pois as línguas de sinais permaneceram ágrafas durante séculos. Há um cidadão surdo antes da expansão comunicativa veiculadas por vídeos na internet e há um surdo que amplia seus recursos após tal expansão.



Promoção de aprendizagem incidental de inglês como língua estrangeira por meio do uso de Scribblenauts Unmasked
Mestre Sabrina Ramos Gomes (CEFET/MG)

​Gee (2007) afirma que os jogos digitais, sejam eles didáticos ou comerciais, guardam em si uma potência latente para serem usados como ferramentas didáticas. Em um jogo como o Scribblenauts Unmasked, em que as ações de jogo se dão por meio do uso de substantivos e de adjetivos em inglês, os jogadores vivenciam muitas oportunidades de aprender a língua de maneira incidental. Segundo Portnow (2008), o usuário não tem que aprender formalmente com o jogo e sim o jogo tem que proporcionar oportunidades para que a aprendizagem se dê, de maneira incidental, sem perder o caráter lúdico. Considerando o contexto brasileiro, propusemos uma investigação que buscou flagrar a aprendizagem incidental de inglês empreendida por uma criança de 10 anos de idade, estudante da língua estrangeira em nível básico, ao jogar Scribblenauts Unmasked. Nesta pesquisa de natureza aplicada, em formato de estudo de caso, com abordagem qualitativa e cunho exploratório, os dados foram gerados por meio da captura de tela de uma sessão de gameplay de aproximadamente 2h e da gravação e de uma entrevista semiestruturada com o participante, em arquivo de áudio. Na entrevista, o estudante reviu e explicou o uso de língua feito durante o gameplay. Foram transcritas do gameplay e analisadas as ocorrências de uso de língua que podem ter viabilizado aprendizagem incidental. Foi possível verificar que o jogo Scribblenauts Unmasked tem potencial para contribuir para a aprendizagem de vocabulário em língua inglesa, podendo ser usado tanto em circunstâncias formais quanto em circunstâncias informais de aprendizagem.


14h-15h30
“Leitores, autores e criação digital”


Leitura em tela: as condições de produção do romance “Os Anjos de Badaró”
Mestranda Laura Nogueira Pacheco (UNESP)

Com o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, o mundo tem se transformado e a cultura adquirido diversas nuances. Frente às novas possibilidades de se produzir literatura na contemporaneidade, o presente trabalho tem como objetivo mapear os processos de concepção dialógicas existentes na relação entre o autor e seu entorno no romance Os Anjos de Badaró (2000), de Mario Prata, escrito inteiramente online e acompanhado, ao vivo, por milhares de internautas. Além da obra selecionada, três objetos surgiram como consequência do primeiro: uma coletânea de crônicas escrita pelos leitores que acompanharam a produção do romance online, As crônicas dos Anjos de Prata (2000), um livro de depoimentos daqueles que participaram desse processo de escrita e um site de crônicas. A fim de buscar uma sistematização para a análise, foi usada a estrutura proposta pelo sociólogo, linguista e crítico israelense Itamar Even Zohar (2013) para compreender o que ele chama de Sistema Literário. Desse modo, a partir do detalhamento do caso e da análise de todos seus desdobramentos, foi colocado à mostra cada um dos seis elementos (instituição, repertório, produtor, consumidor, mercado e produto) desse sistema e buscou-se entender de que modo eles atuam na (res)significação tanto do processo de construção quanto da obra em si, dando ênfase, sobretudo, na figura do autor e nas novas relações advindas do contexto digital.



"YAMA NASHI, OCHI NASHI, IMI NASHI"? Autoria feminina em Fanfictions do gênero Boys’ Love
Doutoranda Ingrid Lara de Araújo Utzig (UNIFAP/UNESP)

A indústria cultural, em geral, tende a buscar agradar nichos de mercado diversos. Entretanto, essa suposta multiplicidade de interesses quase sempre é dedicada ao público masculino, e na maioria das vezes limitada ao entretenimento de fantasias que objetificam e degradam a imagem feminina. A hegemonia masculina é politicamente desconstruída em ocasiões nas quais as mulheres tomam a frente na produção de material, como é no caso de narrativas de fanfictions (doravante chamadas somente de fics) do gênero macro boys’ love (BL), que abarcam também o yaoi ou slash. O ciberespaço proporciona inúmeras possibilidades de produção digital em plataformas de autopublicação como o Nyah! e o Spirit, principais portais do Brasil. Pretendeu-se discutir a questão da autoria feminina nos gêneros supracitados e debater a prática de homossexualização masculina de personagens canônicas e as características dos gêneros de fics produzidas por mulheres para mulheres, em contraponto ao bara, focado na comunidade gay em si.



O contexto de criação da máquina de fazer versos de Raymond Queneau
Mestre Marcela R. Mastrocola (USP)

Este trabalho apresenta os primeiros passos de uma pesquisa de mestrado em curso a respeito do livro Cent mille milliards de poèmes, de Raymond Queneau. Publicada em 1961, a obra é precursora no diálogo entre literatura e informática. Já na epígrafe, traz uma frase de Alan Turing – matemático britânico considerado o pai da computação: “Só uma máquina pode apreciar um soneto escrito por uma outra máquina”. Na sequência, apresenta um “Modo de usar” e, então, 10 sonetos cujos versos estão separados em tiras independentes. O leitor pode, assim, combiná-los, compondo 100.000.000.000.000 sonetos diferentes ou, conforme o título do livro, cem mil bilhões de poemas. A proposta dessa comunicação é apresentar o contexto de criação desse livro, procurando entender a relação entre Raymond Queneau e o Oulipo – grupo de experimentação literária que o autor ajudou a criar – e a informática.



Poemas de Brinquedo: com quantos adjetivos se faz um livro no séc. XXI?
Doutora Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG)
Mestranda Amanda Barbosa (CEFET-MG)


Este trabalho se debruça sobre Poemas de Brinquedo, obra de autoria do poeta mineiro Álvaro Garcia, em colaboração com vários outros artistas, tais como o programador Lucas Junqueira e o performer e poeta Ricardo Aleixo. O livro foi lançado em papel e como aplicativo, em uma parceria do ateliê de produções digitais Ciclope (MG) e a editora Peirópolis (SP), em junho de 2016. Em seguida, foi indicado ao prêmio Jabuti, na categoria Livro Infantil Digital. Pretendemos aqui discutir alguns aspectos desta produção: (a) com quantos adjetivos um livro pode ser produzido nos dias que correm, e por que tais adjetivos cabem neste objeto, já que Poemas de Brinquedo é definido como digital, infantil, audiovisual, transmídia, entre outros; (b) que relação pode haver entre as versões do livro e quão integradas elas estão; (c) que relações de autorias emergem neste livro; (d) que relações ele estabelece com instâncias de legitimação, em especial com o prêmio Jabuti. Para executar tal reflexão, empregamos certa bibliografia pertinente, assim como a apreciação direta da obra, além de entrevistas com seus/suas produtores.


O valor de gozo no mundo codificado da superindústria
Doutor Mario Geraldo Rocha Fonseca (UEMG)

Coisa, mercadoria, código. O artigo propõe este trajeto para fazer uma leitura do conceito “mundo condificado” de Vilém Flusser. No trajeto, vai receber contribuições de vários outros pensadores, além deste filósofo. De modo particular, daqueles que estão atentos para a construção de um novo valor, além dos clássicos valor de uso e valor de troca com os quais Marx reflete a respeito do processo de transformação de uma coisa em mercadoria. Nos tempos determinados por uma superíndustria, o valor que prevalece é o valor de gozo, conforme define o estudioso das mídias Eugênio Bucci nas suas reflexões sobre o mundo (super)industrial contemporâneo. O conceito de gozo de Jaques Lacan serve como parâmetro para pensar um tempo em que as mercadorias são produzidas com a pretensão de dar sentido para a falta que marca o movimento do desejo em relação aos objetos que elege para significar o mundo. O que, neste momento, passa a ser produzido não é apenas coisas e nem mesmo mercadorias, mas sobretudo códigos com o objetivo de envolver o consumidor em complexas redes semióticas de construção de sentido. O texto termina com questões referentes ao uso das chamadas tecnologias do afeto como estratégia de consumo de um capitalismo já consolidado e que não abre mão de manter a sua hegemonia.


16h-17h30
“Experiências e reflexões em literatura digital 2”

Em busca de um gênero: narrativas hipertextuais digitais
Mestrando Flávio Komatsu (UFSCAR)

É na materialidade que a literatura se realiza e escapa à abstração. Falar em literatura digital, portanto, é antes de tudo se atentar ao meio. As narrativas hipertextuais digitais pressupõem uma singularidade intransponível ao meio impresso: uma espacialidade a ser explorada. Apropriada pela literatura, a hipertextualidade invoca o leitor a se mover, a escolher percursos e, portanto, a encenar. “Para compreender os novos gêneros e prazeres narrativos que surgirão dessa impetuosa mistura, precisamos olhar além dos formatos impostos ao computador pela mídia tradicional – que ele está incorporando tão rapidamente – e identificar aquelas propriedades inerentes à própria máquina”. (MURRAY, 2003) Nessa busca pelo atributo literário próprio do meio digital, buscamos neste trabalho a definição de um gênero que pudesse reconhecer especificidades de duas narrativas hipertextuais – As doze cores do vermelho e OWNED – um novo jogador - ambos pertencentes ao domínio da literatura digital brasileira. Tratam-se de narrativas participativas que não se bastam mais na decodificação de enunciados, requerendo também a decodificação da arquitetura que os organiza, das possibilidades narrativas e da própria participação de um novo tipo de leitor. Utilizando-nos do conceito de agência e sua relação com o espaço digital, voltamos então o olhar crítico a um novo tipo de articulação textual: o hipertexto cuja complexidade só se realiza no meio digital.



PALESTRA-PERFORMANCE: um procedimento fronteiriço
Doutor André Araújo de Menezes (CEFET/MG)

Por seu caráter híbrido, a palestra-performance trabalha com diferentes códigos de linguagem que atuam simultaneamente, assim como o livro de artista, a vídeo-instalação, a poesia visual e outras modalidades das artes. A palestra-performance acentua a diluição das fronteiras entre crítica e criação, enfatizando o aspecto performativo da apresentação e do discurso crítico. Este artigo pretende apresentar uma genealogia da palestra-performance, no intuito de esclarecer algumas das principais questões articuladas por sua prática, bem como os motivos de sua vigência na criação e na reflexão contemporânea, nas relações intermidiáticas, na educação e na tecnologia digital. Como forma suplementar ao trabalho, apresento o estudo de caso da apresentação da palestra-performance, A metáfora corporal ou a travessia do fogo: um diálogo entre palavra e imagem, apresentada por mim no Centro de Pesquisa e Formação do SESC-São Paulo em 2019.



Poesia_algo_rítmica: o dada na era digital
Graduando Rodrigo de Carvalho Oliveira (UFBA)
Doutora Isa Beatriz da Cruz Neves (UFBA)

Este trabalho aborda sobre literatura digital, arte contemporânea e interatividade, tendo como propulsor discursivo a proposição artística poesia_algo_rítmica.dada. Ao passo que se apresenta o seu processo criativo, elabora-se compreensões iniciais sobre a literatura no campo experimental, a estética dadaísta, textos generativos e escrita criativa no meio digital, dialogando com referenciais teóricos de Santaela (2012) e Plaza (1990). O website poesia_algo_rítmica.dada é uma releitura do poema Receita para fazer um poema dadaísta, de Tristan Tzara, transpondo-o para o espaço digital. De modo interativo, cada participante envia textos gerados de modo aleatório por meio das sugestões de escrita do teclado virtual do celular, seguindo as disposições descritas no endereço https://digitodada.tumblr.com/poema. O objetivo aqui proposto é discutir sobre as relações humanas com o meio digital, através de questionamentos sobre às fronteiras estéticas da arte e dos limites da autoria do texto literário - uma das características da vanguarda moderna dadaísta. Ao vincular o processo de escrita às escolhas aleatórias de palavras sugeridas pelos teclados virtuais, se questiona a autoria do texto: quem escreve é o escritor-participante ou o algoritmo do sistema lógico do teclado? Assim, no contexto da cultura e da literatura digitais, e ao desestabilizar as noções de obra, autoria, leitor e leitura, esta experiência estética aponta para poéticas que expandem lugares habituais da literatura construídos historicamente pelos espaços institucionais da arte, da academia e da cultura impressa.



Somática, arte e tecnologia: o que nos dizem corpos em movimentos que interagem entre si, e com seus prolongamentos?
Doutora Alba Vieira (UFV)
Mestra Monica Klemz (UFRJ)


Embasadas na prática como pesquisa, discutimos como percebemos a diversidade de respostas (visuais, sonoras e corporais) dos participantes da oficina por nós realizada no Teatro Cacilda Becker no Rio de Janeiro em 13 de dezembro de 2019. Essa oficina foi uma instalação em que um refletor e cinco espelhos, além de músicas e nossos estímulos verbais instigaram os participantes a interagirem somaticamente consigo mesmos, com o outro e com o ambiente. Nós, proponentes da oficina, fizemos uma atuação multifacetada, pois: orientamos a proposta, mediamos as relações dos e entre participantes, e atuamos a partir da observação participante. A oficina promoveu uma sobreposição de camadas sensoriais associando novos fluxos de informações corporais. Também problematizamos como transformações no ambiente (por exemplo, deslocamento dos espelhos e escurecimento do ambiente), provocações nas relações (por exemplo, estimulando o contato ou não entre os participantes), e comandos verbais (por exemplo, anunciando “façam formas que fujam das tradicionais de dança”) podem ter revelado novos estados de consciência e entendimentos sobre cognições mentais e corporais. Discutimos esses aspectos no SAD 2020 apresentando imagens feitas na oficina e falas dos participantes feitas ao final do evento, na roda de conversa. Consideramos que a oficina levou muitos participantes a vivenciarem experiências sensoriais de tomada de consciência de mecanismos do corpo que passam geralmente despercebidos, até mesmo em bailarinos profissionais, como era a maioria dos participantes da oficina.
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